De meia no pé cozinhando para o sorriso



Era então, mais um dia normal e aquele sentimento -que agora tornara frequente- se manifesta novamente. Não há palavras que consigam explicar o forte aperto no peito, o incômodo e o porque de tudo isso. Não havia compreensão sobre o que poderia lhe causar esses transtornos, já que tudo vai, aparentemente bem. Aliás, apesar de se saber perfeitamente do que se tratava, às vezes era melhor torná-lo invisível, como todos ao seu redor fazem há aproximadamente vinte anos.
Estando, então, em si todos os danos causados, percebe que se foi a amargura da vida e de volta aqui está, a beleza da mesma. Ora feliz, ora desenganada, esperançosa e logo derrubada outra vez. Embora se sabe que a solução exista, parece que está fora de sua realidade, demonstra ser algo tão distante a ser resolvido, que a melhor opção é, com dor, viver tudo aquilo até que a manhã chegue novamente e traga consigo palavras de alívio previstas naquela noite: "amanhã tudo passará". Frase esta que era conforto naqueles momentos, então ditos, 'esperançosos'.
Metade das vinte e quatro horas de um dia já se fora e era hora de levantar. O quê? A noite foi péssima, preciso retornar até onde não deveria ter saído jamais, com essa cara. Situando-se então 'acordada', percebe que a promessa de um dia melhor não acontecera. Talvez seria melhor voltar e começar tudo de novo? Não! Era hora de se dar conta de que outro dia difícil seria e não se sabe como terminaria.
Lá fora uma tarde de sol, mas aqui dentro o frio nos pés e a chuva nos olhos formavam o cenário daquela tarde nada diferente. Mal sabia a beleza do sol daquele dia, só sabia que os programas de TV deveriam ser distração de uma cabeça cheia de paradoxos.
O pijama vestido após o banho da noite anterior ainda te fazia companhia em plena cinco horas daquela tarde. Seu cabelo fazia parte do "bad look do dia". Já em seu rosto se encontrava presente as marcas de um céu nublado repleto de nuvens carregadas de chuva quente. 
Não demorou muito até que a sua paz fosse interrompida e a preferência fosse, então, por um banho de água quente que pudesse então formar par com a chuva também quente de seu céu nublado. O tempo fechado pedia meia, um pouco mais de angústia, até então uma força favorável dá condições e possibilidades de se cozinhar. Quem sabe assim se espantava aquele fantasma que circundava por ali durante dois dias. 
Assim se fez e não demorou muito para a chuva dar lugar à um sol pouco escondido ainda, mas que já manifestava claridade mesmo no então anoitecer. A distração e o saudável entretenimento, fizeram com que oscilações de sentimentos se despedissem de um ser e, deram espaço à interação com pessoas, mais programas de TV e só. 
Conseguindo terminar o dia com a cabeça no travesseiro sem umedecer a fronha ou esfregar os olhos, conclui-se então que dias ruins também passam logo.